Dedos rápidos, altamente habituados a deletar tudo que não era de trabalho das caixas de entrada e itens enviados. Naquela manhã de segunda-feira cinzenta, os dedos estavam mais rápidos que o normal e, certamente, bem mais rápidos que o sonolento cérebro. Recebeu duas mensagens que nem precisava abrir pra ver que eram “lixo”. Altamente condicionados ao movimento, os dedos selecionaram o que o cérebro imaginou ser somente as duas mensagens. Enquanto o computador ficou pensando após ter sido pressionado a tecla “enter”, os olhos viram a seleção das mensagens que seriam deletadas: todas. Somente para efeito de explicação, as mensagens que ficavam na caixa de entrada eram seus assuntos pendentes, tarefas a serem tratadas e definidas. Em meros 3 segundos, todas foram resolvidas com apenas um clique. No mesmo breve espaço de tempo, seu coração foi parar no estômago, sua visão parecia congelada e a boca não obedecia ao comando do cérebro para “fechar”. Continuava aberta, sem vida, estática. Duas sílabas resumiram todos estas reações físicas: “fu-deu”. A anta ligou pros amigos que poderiam ajudar, inclusive os não-tão-amigos da área de TI da empresa, e todos foram unânimes no veredito: “já era”.
Ficou com estas palavras ecoando uns bons minutos na cabeça. “Já”. “Era”. “Já” é algo imediato. “Era” é passado. Viajou um pouco nas palavrinhas. Tratava-se de um passado bem imediato ou um imediatismo já ido? Se deu conta que o ditado “o que não tem remédio, remediado está” nunca fizera tanto sentido. Não tinha o que fazer. Não recuperaria as benditas mensagens. Reclinou a poltrona, clicou “Ctrl+N” (maldita mania de realizar os comandos via teclado…) para iniciar uma nova mensagem para si mesma colocando os assuntos que conseguia se lembrar que tinha que resolver e quem eram as pessoas envolvidas. Em seguida, enviaria mensagens para elas explicando o caso. Surpreendeu-se a perceber que não se recordara mais de 3 assuntos, mas seu Inbox havia em torno de 32 mensagens. “Cara, meus supostos problemas eram 10x maior do que os que eu me lembro agora.” Será que nem eram tão importantes ou ela estava esquecida das coisas? Tanto fazia porque, de novo, não havia o que fazer. Que liberdade! Mesmo que a sensação não fosse tão real, era gostoso senti-la. Reclinou ainda mais a cadeira, sorriu ao ver a caixa de entrada tão vazia, prontinha para coisas novas, nomes diferentes, assuntos diversos. Estava branca, como um papel esperando para ser desenhado. Comparou seu cérebro à sua caixa de entrada. Abrindo mentalmente várias pastas de seus problemas pendentes e não esquecidos, resolveu incorporar o shift+del para dentro de si. Foi fechando os assuntos. “Já era”. Um a um. Forever gone. Ah, que grande liberdade!
!!! :~)
Amei… só de ler me deu esse gostinho de liberdade… como é bom!!!!!!!! ; – ))
Veja você como Deus achou um jeito de tirar o peso das suas costas!!! hahaha
No final não adianta, os problemas mais importantes e urgentes acabam voltando pra você na ordem certa… E os que não eram importantes simplesmente desaparecem.
Foi um “erro” que acabou causando uma grande liberdade, que talvez não teria sido sentida se não fosse por isso… como diz o ditado “nem todo mal é mal!”
Bjão minha querida!