Ela saiu naquela noite quente com os costumeiros amigos para uma costumeira balada. Lá chegando, sorriu por dentro ao rever uma turma de Aracaju que ela e os amigos haviam conhecido há quase 5 meses. Na verdade, não sorriu por isso, mas sim por conta de um alto, moreno e super charmoso por quem já havia sentido atração na tal noite de 5 meses atrás. Naquela noite, ela escolhera outro paquera (reparem que ambos possuem a mesma profissão) por ser um “local” e, consequentemente, ter mais chances de repetecos. O tal moreno-alto-bonito-sensual era, a bem da verdade, um gostoso sem precedentes. Já sentindo certo ardor no estômago, a moça o cumprimentou e antes de dar tempo do intervalo “beijo de cumprimento” para um “tudo bem?”, o gostoso a amarra pela cintura com seu braço, a puxa para perto e diz: “sabe que da outra vez você escolheu o médico errado, né?”. Ainda bem que ele a segurava forte porque as pernas cambalearam. Sorriram um para o outro com aquele olhar que só quem flerta entende: “estamos marcados um para o outro hoje.” Dito e feito.
Ele já veio cheio de papo, graça, a rondava, a seguia, fazia piadas, a tocava em partes ainda permitidas, enfim jogo de sedução pura até que, obviamente, ela não resistiu. Quando veio a hora do beijo, ela foi com tudo também. E que beijo! Entre o entorpecimento e a necessidade de manter-se focada para ficar de pé, ela concordou mentalmente com o que ele havia dito antes: ela escolhera mesmo o errado da outra vez. Perdeu o raciocínio de novo ainda no mesmo beijo e a noite foi só melhorando. O cara era, sem dúvida, a coisa mais deliciosa (apesar de ser casado e tem uma filha – o que, ela confessou para si mesma, não o deixou menos interessante – até porque ela mesma sabia que era só curtição! enfim, tudo acertado e justificado).
Resumo da ópera: foi uma loucura! Ficaram juntos a noite inteira, grudados, se beijando muito, numa sintonia total e absurda (única!) e dançaram, brincaram, fizeram passinhos na pista imitando as pessoas, beijaram mais, riram, se adoraram. Soube que a boca da moça até sangrou! A barba tanto roçou que a esfolou! Pele de lady é outra coisa. Na pegação forte, até brinco a moça perdeu. Ou seja, o cara devia mesmo ser um gostoso porque, lendo assim, o saldo final para ela não está lá tão positivo. E o pior é o que o saldo ainda piora: foi engraçadíssimo ver a moça soltar-se do moço e começar a tossir. “Quanto romantismo”. Depois que soube, ri ainda mais: ela havia, enlouquecida pelo calor do momento, engolido seu chiclete! Sensacional! O rapaz realmente vale a pena. Ponto para o time dos meninos! Senti orgulho nessa hora: se é pra fazer, que faça bem feito. Represente bem a classe!
Na hora de ir embora, claro que ela, lady como é, ofereceu carona para que ele não fosse de táxi. Esperto que ele é, obviamente que aceitou – até porque teria pedido, caso ela não tivesse oferecido. Na porta, a moça travou. Queria subir, se esbaldar, matar a curiosidade, perder a lady dentro de si e encontrar a desbravadora que sabia que dividia espaço com a lady, mas a lady falou mais alto: não havia se depilado ao que julgava o ponto perfeito. O moço, por sua vez, ficou sem entender nada. Ele tinha certeza que estava lidando com uma mulher e não uma adolescente, não acreditou em nenhuma das desculpinhas esfarrapadas da moça quando, de repente, pensou: “ela também é casada! que merda… tá cheia de culpa”. Entendeu aquilo com verdade absoluta em sua cabeça sem ao menos questionar a pretendente à meretiz. Rapidamente, inventou ele também uma desculpa, a beijou ardentemente e saiu do carro o mais rápido que conseguiu antes que a atacasse ali mesmo – não queria correr o risco de dar à sua filha um meio irmão naquela noite.
A moça ficou com cara de “ué”, pensou um pouco sobre o que aconteceu, chegou à conclusão que todo homem é igual mesmo, ou seja, louco e que ela havia escolhido o médico errado de novo.
Ele demorou um pouco mais para dormir e menos calmo do que gostaria, mas certo que fizera a coisa certa.
O que de fato sei é que ambos escolheram a “frescura” errada para abrandar o calor da noite e dos seus corpos.
Adorei esse Ju!!